Os donos da loja de luxo Maison investigados por empréstimos milionários usando os dados de clientes, aplicaram os golpes até nos próprios funcionários do estabelecimento, segundo as investigações da Delegacia Regional de Juazeiro do Norte.
A proprietária e o sócio da loja Maison Móveis e Decoração seguem foragidos e são procurados pela polícia há uma semana. A dona de uma clínica de reabilitação, suspeita de envolvimento no esquema, também é procurada.
São procurados: Cicera Marciana Cruz da Silva, conhecida como Anna Cruz, dona da loja; além de Iorlando Silva Freitas, Irineide Bezerra Braga e Marcelo Sousa Miranda.
O caso veio à tona após as vítimas registrarem boletins de ocorrência denunciando empréstimos feitos sem o consentimento; elas preencherem um cadastro na loja, de onde os suspeitos pegavam dados para fazer o empréstimo. A investigação inicial resultou em uma operação no dia 13 de setembro, liderada pelo delegado Júlio Agrelli. Na ocasião, uma vendedora foi presa.
Inicialmente, a polícia conseguiu identificar cinco vítimas, lesadas em mais de R$ 1 milhão. No decorrer das investigações, outras vítimas procuraram a delegacia, entre elas estão auxiliares de limpeza e faxineiros da Maison, que descobriram que tiveram empréstimos feitos no nome deles.
Conforme a polícia, os suspeitos chegaram a fazer empréstimos de R$ 600 mil, que lesou uma pessoa que ganhava apenas um salário mínimo. O valor aprovado para uma pessoa assalariada levou os agentes a suspeitar de que o golpe envolve também bancários. A estimativa da polícia é que os golpes ultrapassem R$ 10 milhões.
A defesa da loja, em nota, informou que a Maison Designer Interiores está colaborando com a investigação e esclarecendo todos os fatos junto à Polícia Civil, apresentando a documentação necessária para a demonstração da lisura de suas operações.
Como funcionava o golpe
Segundo a polícia, as vítimas eram abordadas pela vendedora Iaynnara e outras funcionárias, que insistiam que as pessoas fizessem um cadastro, com o pretexto de oferta de promoções para beneficiar os clientes. Ela também argumentava que precisava de uma quantidade mínima de dados para bater a meta mensal da empresa.
Com os dados pessoais, os empresários faziam empréstimos em nomes das pessoas que haviam feito o cadastro.
Ainda de acordo com a polícia, eles chegaram a fazer empréstimos de R$ 600 mil. O valor aprovado para uma pessoa assalariada levou os agentes a suspeitar de que o golpe envolve também bancários (leia mais abaixo).
"De cinco pessoas apenas [vítimas do golpe], o montante [do golpe] era de mais de R$ 1 milhão. Durante a investigação, a gente descobriu que esse montante pode passar de R$ 10 milhões. A gente não tem ideia ainda de qual o tamanho da fraude e quantas vítimas foram lesadas por essa quadrilha", detalha o delegado regional de Juazeiro do Norte, Júlio Agrelli.
"Eles usavam, na verdade, esse subterfúgio para gerar um capital para a loja, movimentar um fluxo de capital e se capitalizar, comprar estoque", diz.
A Polícia Civil investiga a prática de crimes como lavagem de dinheiro, estelionato, falsificação de documentos e formação de quadrilha.
A apuração policial identificou também clientes que eram enganados e nem sabiam. "A gente não tem ideia ainda do tamanho exato da fraude e nem quantos clientes foram enganados", diz o delegado.