
Em meio a crescentes conflitos e divergências com o Palácio do Planalto, o PP e o União Brasil decidiram impor um ultimato ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em reunião realizada nesta terça-feira (2), as direções nacionais das duas siglas, que recentemente oficializaram uma federação partidária, definiram um prazo de 30 dias para que seus ministros desembarquem da Esplanada dos Ministérios.
A medida atinge diretamente os ministros André Fufuca (Esporte) e Celso Sabino (Turismo). Ambos manifestaram a intenção de permanecer nos cargos até abril de 2026, mas foram convencidos pela cúpula partidária a antecipar a saída e formalizar a ruptura com o governo petista.
O acordo, no entanto, prevê exceções. Dois ministros permanecem no Executivo: Fred Siqueira (Comunicações) e Waldez Góes (Desenvolvimento Regional). As duas pastas são controladas pelo grupo político do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), que conseguiu preservar suas indicações no governo.
OUTROS CARGOS
Além da manutenção dessas posições estratégicas, PP e União Brasil querem garantir também os postos ocupados por seus aliados na Caixa Econômica Federal, considerada peça-chave para articulações políticas e de gestão de programas federais.
O ultimato dado ao Planalto escancara o desgaste na relação com os dois partidos, que até aqui se dividiam entre a base e a oposição. Agora, a federação sinaliza alinhamento maior à direita e prepara terreno para as articulações visando as eleições de 2026.
Para o governo Lula, a saída formal de Fufuca e Sabino representa não apenas a perda de apoio no Congresso, mas também um rearranjo ministerial em meio a um cenário político já marcado por pressões e disputas internas.
O prazo de 30 dias marca o início de uma nova fase de tensão entre Planalto e Centrão, que deve reverberar nas votações do Legislativo e na composição da base aliada.
FATOR TARCÍSIO DE FREITAS
A decisão do União Brasil e do PP surgiu, também, como resposta às declarações do presidente Lula que deu recado ao cobrar lealdade dos partidos com cadeiras na Esplanada dos Ministérios.
Há, nesse rompimento, outro componente: a pré-candidatura do Governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, do Republicanos, que começa a ganhar terreno e ganha sinalização do ex-presidente Jair Bolsonaro. Tarcísio tem apoio de lideranças nacionais do União Brasil, PP, Republicanos e PSD.