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Devolva meu São João: A luta dos artistas pela autenticidade das festas juninas

O que se vê em muitos municípios é a substituição de artistas locais por nomes do sertanejo universitário, do piseiro e até de estilos completamente fora do contexto junino. Tudo isso com altos cachês, bancados com recursos público

Publicada em 26/06/25 às 05:55h

por JC


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Shows milionários, cultura esquecida  (Foto: Divulgação)

O mês de junho chega e com ele o cheiro da canjica, o som da sanfona, o colorido das bandeirinhas e o calor das fogueiras. Mas, em meio a tudo isso, uma discussão tem ganhado cada vez mais força: até que ponto o São João ainda representa a essência da cultura nordestina?

Artistas, produtores e amantes da música tradicional vêm protestando contra a descaracterização das festas juninas. O motivo? A avalanche de atrações contratadas por prefeituras e governos estaduais que, segundo eles, não têm nenhuma ligação com a tradição do forró ou da cultura popular nordestina.

Uma festa que pede raízes, não modismos

O São João é muito mais do que uma grade de shows — ele é uma expressão viva da cultura popular, onde o forró, o xote, o baião e o arrasta-pé contam histórias, embalam danças e conectam gerações.

No entanto, o que se vê em muitos municípios é a substituição de artistas locais por nomes do sertanejo universitário, do piseiro e até de estilos completamente fora do contexto junino, como o pop e o funk. Tudo isso com altos cachês, bancados com recursos públicos, em detrimento de artistas da própria região.

Vozes que defendem a tradição

A reação dos artistas tradicionais não demorou. Nomes consagrados e representantes da cultura popular vêm levantando a voz em defesa do São João autêntico.

Alcymar Monteiro, um dos grandes ícones do forró nordestino, foi direto:

“O São João não é lugar para festival de horrores. Estão matando a cultura nordestina em nome de contratos milionários com artistas que nada têm a ver com nossas tradições.”

Chambinho do Acordeon e Elmo Oliveira, criadores da campanha “Devolva Meu São João”, também têm se manifestado. O movimento propõe a valorização do forró pé-de-serra e dos artistas locais, denunciando a marginalização desses nomes nas grandes festas promovidas com dinheiro público.

A cantora paraibana Gitana Pimentel reforçou em entrevista que o forró deve ter protagonismo no período junino:

“A gente canta o que vive, e o que vivemos em junho é tradição, sanfona e poesia. Isso não pode ser engolido pelo modismo.”

Rômulo Santaráy, cantor cearense que também engrossa o coro dos protestos, tem usado as redes sociais para alertar sobre a invisibilidade de artistas genuínos:

“O São João é o palco da alma nordestina. Quando a gente troca tradição por tendência, a gente perde a essência.”

Quando o investimento não valoriza a cultura

Em várias cidades nordestinas, o desequilíbrio nos investimentos em cultura é gritante. Um levantamento em Aracaju, por exemplo, mostrou que mais de R$ 7 milhões foram destinados a artistas de fora, enquanto artistas locais receberam menos de 6% desse valor.

Além disso, dados do ECAD revelam que metade das prefeituras do país não paga os direitos autorais pelas músicas tocadas nos festejos juninos, prejudicando os compositores que alimentam a alma do forró.

Shows milionários, cultura esquecida

O debate vai além da música: muitos artistas e produtores questionam os valores exorbitantes pagos a atrações “de fora”, enquanto grupos regionais lutam por espaços e recebem cachês modestos ou sequer são contratados.

Em redes sociais e fóruns digitais, internautas também comentam a distorção:

“Gastar 500 mil com uma dupla sertaneja em uma cidade que mal tem saneamento é brincar com o dinheiro público.”

“Poderiam contratar 40 bandas locais com esse valor. Todos ganhavam, inclusive o povo.”

O que pode (e deve) mudar

A defesa da cultura tradicional não é um ataque a outros estilos musicais. Trata-se de respeitar o contexto. O São João é um dos maiores patrimônios culturais do Brasil, e a sua programação deve priorizar quem carrega essa identidade:

  • Criar editais públicos com cota obrigatória para artistas regionais;
  • Publicar com transparência os valores pagos a cada atração;
  • Valorizar o forró autêntico como patrimônio imaterial;
  • Garantir o pagamento dos direitos autorais aos compositores;
  • Fomentar o debate público sobre as contratações nos festejos.

Conclusão: o São João pede respeito

A luta não é apenas dos artistas — é de todos que valorizam a cultura do Nordeste. Não se trata de nostalgia, mas de identidade. O São João pede respeito às suas origens, aos seus ritmos e à sua gente.

Como bem sintetizou Alcymar Monteiro:O forró não pode ser pano de fundo. Ele é a alma da festa. Sem ele, o São João vira apenas mais um show — e o povo nordestino merece muito mais que isso.




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